sábado, 5 de junho de 2010

NO CALDEIRÃO DO OSWALD TAMBÉM TEM VANGUARDA EUROPÉIA...

No caldeirão de Oswald e cia. houve espaço também para as vanguardas européias. Movimentos como o futurismo, do escritor italiano Marinetti, o cubismo, do pintor catalão Pablo Picasso e do escritor francês Apollinaire, o dadaísmo, do pintor, também francês, Francis Picabia e do escritor romeno Tristan Tzara, e o surrealismo, do escritor francês André Breton, e que tem o pintor espanhol Salvador Dalí como um dos maiores expoentes, todos voltados para romper com um modelo artístico europeu desgastado pelos séculos de história do continente. “Oswald teve contato com toda a vanguarda européia”, diz Maria Augusta. “Só que aqui, se percebeu na época, havia ainda uma particularidade que lá não existia. Enquanto Picasso vai buscar [inspiração] nas máscaras africanas – uma pesquisa com um dado de exotismo do europeu buscando o que é novo -, nós temos tudo isso [a diversidade] aqui. Nós temos essa contradição, temos muitos tempos acontecendo no mesmo tempo.” Segundo a pesquisadora, é isso que Tarsila trouxe para sua pintura, Oswald para a poesia Pau Brasil e Mário de Andrade captou em Macunaíma. Ou, como observa o crítico literário Antonio Candido: “As terríveis ousadias de um Picasso, um Brancusi [Constantin Brancusi, escultor romeno], um Max Jacob [poeta, pintor, escritor e crítico judeu-francês], um Tristan Tzara, eram, no fundo, mais coerentes com a nossa herança cultural do que com a deles [dos europeus].

Maria Augusta Fonseca
Professora do Departamento de Teoria Literária da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP)
http://antropophagiaweb.wordpress.com/movimento-antropophagico/

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